Volkswagen vai comprar a Ford ?
A mensagem subjacente na última declaração da gestão Ford era muito diferente de todas as outras.
Parece que o preço extraordinário cobrado pelo COVID-19 pode finalmente ter sido suficiente para convencer a empresa e a família Ford, que é a acionista controladora, embora minoritária, da seguinte questão:
A gigante Oval Azul não pode passar por esta crise gigantesca de nível mundial sozinha.
O comunicado de imprensa da Ford continha a seguinte passagem:
“Continuamos avaliando oportunamente todas as opções de financiamento para fortalecer ainda mais nosso balanço e aumentar a liquidez para otimizar nossa flexibilidade financeira”, disse Tim Stone, CEO da Ford.
“Também estamos identificando ações operacionais adicionais para melhorar nossa posição de caixa”, completou.
Em outras partes do comunicado, a Ford observou que a administração havia retirado duas linhas de crédito.
Suspendendo os dividendos da empresa (uma ação sempre muito esperada pelos investidores), a liquidez na Ford Credit permaneceu forte, porém, necessitando de aportes.
O comunicado também observou que a Ford está reduzindo os custos operacionais, reduzindo as despesas de capital e adiando parcelas dos salários dos executivos.
Portanto, a administração da Ford usou todas as alavancas possíveis para aumentar o caixa e reduzir os custos nesta crise.
A Ford fez uma oferta de ações de US$1,7 bilhão em maio de 2009 com as ações sendo negociadas a cerca de US$5,80.
Em moeda brasileira, na época esses valores se transformariam em R$3,4 bilhões e R$11,60, respectivamente.
Com as ações negociando bem abaixo desse nível (a Ford está cotada em US$5,04 até o momento da redação deste documento) quase 11 anos depois, podemos dizer com segurança:
Não há interesse entre os investidores institucionais para um acordo de ações da Ford em 2020. A qualquer preço que seja.
Assim, com os mercados de dívida esgotados e os mercados de ações públicas efetivamente fechados, há apenas uma opção para a Ford levantar dinheiro.
Fontes privadas.
Acredito que é mais provável que isso venha de outra empresa participante do setor automobilístico.
Já que o impacto negativo em dinheiro de quarentenas prolongadas do COVID-19 faz da Ford um impedimento aos participantes tradicionais de private equity.
A equipe de gerenciamento da Ford tentou e falhou miseravelmente em convencer os participantes tradicionais de que a empresa havia se transformado de uma manufatureira a uma fornecedora de serviços de mobilidade.
Fez isso argumentando sobre as novidades que são seus veículos autônomos (AVs) e trens de força eletrificados (BEVs).
Porém, pouco rendeu.
Assim, qualquer empresa que comprar a Ford neste momento, terá que aceitar todos os seus problemas, sejam eles institucionais ou de outro setor.
Com uma avaliação patrimonial de US$20 bilhões nas negociações de hoje, algo em torno de R$100 bilhões, a Ford é barata o suficiente para levar valor a empresa que a adquirir por causa de seu único e fantástico ativo: a picape F-150.
A Ford vendeu quase 900.000 F-Series (896.256 para ser exato) nos EUA em 2019, no contexto de um mercado em declínio.
Qualquer comparação a um concorrente mostraria a prevalência de modelos da série F de alta especificação nas vendas.
E estamos falando da versão mais completa, com praticamente todos os acessórios internos que se poderia esperar de um carro de luxo.
A Série F está produzindo uma margem bruta variável de pelo menos US$20.000 por unidade vendida.
Algo que gira em torno de R$100.000,00 aos cofres da Ford, possivelmente muito mais.
Assim, as 900.000 unidades vendidas em 2019, com um lucro de US$22.500 cada, geram um fluxo de caixa de US$20 bilhões a partir de um único produto, igual ao valor patrimonial da Ford.
Estamos falando de R$100 bilhões vindos de um único produto.
O seus problemas – as operações frustradas e não competitivas na China, as operações europeias que perdem dinheiro – teriam que ser engolidos pela empresa compradora.
Quem faria isso?
Bem, deveria ser uma empresa que não possui uma posição forte em caminhões na América do Norte.
E que tenha a capacidade de ajudar a Ford na China e na Europa e, idealmente, possuir uma relação de trabalho existente com a Ford.
A descrição adapta-se a Volkswagen.
Com as joint-ventures existentes com a Ford em vans de entrega e a posição de mercado número 1 na Europa e na China, a VW é perfeita para a Ford.
A série F seria perfeita para um portfólio de produtos que inclui Porsche, Audi, Lamborghini, Bugatti e Bentley.
Bife para acompanhar o caviar.
Portanto, é hora da família Ford, que controla 40% dos votos, mas possui menos de 2% do patrimônio da Ford Motor, aceitar a mudança.
O COVID-19 serviu para transferir os ativos valiosos da Ford para empresas competentes com uma gestão melhor.
Em um cenário imaginário, a Volkswagen. Será que isso se concretizará? Qual a sua opinião?
Conte a nós, comente abaixo!
Até a próxima.
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